Prefeito Rubens Rangel e a Construção da Usina Hidroelétrica

14/04/2013 11:42

 

Por Redação in Foco

Segui a passos rápidos até aquele quarto que também faz parte do corpo da casa, um lugar pouco visitado, salvo apenas em momento para guardar objetos tais como livros, suvenires, brinquedos… Por isso, sempre empoeirado.

Há exatamente 04 anos, deixei também neste local, a minha “Máquina do Tempo” que se responsabilizou por inúmeras viagens em épocas passadas de nosso Mimoso do Sul.
Ao entrar naquele ambiente, caminhei entre um apertado espaço ocupado por uma poltrona e uma antiga bicicleta para chegar ao meu objetivo. E lá estava ela no fundo daquele quarto, solitária e protegida por um grande cobertor… Retirei-o e rapidamente fiz uma limpeza, ajustei o comando do tempo, sentei-me em sua cadeira e programei a data de volta ao passado, há exatos 58 anos atrás!

E assim os anos, as décadas foram se distanciando de mim… 2013… 2000… 1990… 1980… 1970… 1960… E numa segunda feira do mês de janeiro de 1954; encontro-me presente em frente ao Ginásio Monsenhor Elias Tomasi.

Por alguns instantes fiquei paralisado, meio atordoado devido às reações provocadas pela viagem no tempo, minha vista ainda meio confusa descansava e olhava calmamente parte do morro que acompanha toda a extensão da Rua Vila da Penha. Foi notório perceber como as coisas eram diferentes dos dias atuais. A começar pelos extensos cafezais nas encostas que circundam nossa cidade, além de formação de matas.

De onde estava, podia ver alguns homens trabalhando no meio da rua, bem como uma diferença de cor em toda aquela extensão pela reta principal do campo do Ypiranga que tinha uma coloração cinza adiante e em direção a praça, e outra na cor ocre de lá para onde estava.

Resolvi deixar a máquina do tempo por ali e caminhar um pouco naquela direção, comecei a ouvir batidas como martelos em pedras, me aproximei mais e finalmente pude perceber o calçamento que era realizado em toda a extensão daquela rua. Fui tomado pela curiosidade quando vi estacionado um caminhão Mercedes Benz muito antigo, parecia até um blindado do Exército! De repente ouvi um dos trabalhadores dizer:

“- Lagartixa, encoste o “Cascudo” aqui para deixar mais pedras!” Lagartixa era o apelido do Sr. José Alves de Oliveira, motorista do veículo que também era apelidado de “Cascudo” que descarregou os paralelos no ponto indicado.

Continuei meu caminho, passei em frente a antiga Casa de Saúde, depois por uma gráfica, uma residência com muitas bicicletas que era a casa do Sr. Zé Lopes. Do outro lado da rua, se localizavam o consultório e farmácia do Dr.Cysne, caminhei um pouco mais para finalmente estar no coração da nossa praça central… Parei um instante para admirar toda a imponência do prédio do cinema que foi recentemente construído, tudo novinho em folha! Havia um grande cartaz do filme “Casablanca” anunciando a exibição para sexta-feira às 20h30.

Eu estava ali na calçada em baixo do prédio da família Tunholi admirando aquele momento quando vi seguir a passos rápidos pela calçada um jovem moço conhecido pelo nome de Zé Garcia que gesticulava com a mão chamando alguns homens que estavam em frente ao Banco do Brasil.

Virei rapidamente para ver do que se tratava e ali estavam grandes nomes que cingiram a história de Mimoso do Sul: Evaldo Ribeiro de Castro, João Guarçoni, Pedro Souza, Tenente Elias Assad trajando-se com seu tradicional terno branco, chapéu Panamá e charuto na mão, o gerente do Banco, Sr. Andrade e ao lado o Dr. Cysne que conversava com uma mulher acompanhada de uma criança de colo, possivelmente a medicava por ali mesmo! Tal comunicado se referia ao chamamento do Prefeito Rubens Rangel àqueles amigos para que fossem até à prefeitura para participarem do importante momento de chegada de um comboio de caminhões carregados de equipamentos e tubulações, destinados à construção e montagem da Usina Hidroelétrica de Mimoso do Sul.

Este seria o último ano da administração do Prefeito Rubens, mesmo assim ele fez esta importante conquista, deixou tudo encaminhado para que seu sucessor João Guarçoni concluísse a obra.

Assim todos se dirigiram para o núcleo central da praça. Muitas pessoas, curiosos e políticos principalmente do Partido Trabalhista Brasileiro “PTB” de Getúlio Vargas marcavam presença, dentre eles: Ely Junqueira, Darcy Francisco Pires, Milton Paiva Gonçalves Gamboa, Joaquim Perciano de Oliveira, entre outros.

Com a chegada destes equipamentos e a inauguração da usina, Mimoso do Sul põe fim definitivamente a imagem de ostentar até então o conhecido “Tomate Brilhante” de sua fraca luz elétrica! Pois é, essa era a denominação dada ao fraco poder elétrico que atendia nossa cidade na época que vinha da usina Aparecida, que também mandava parte da carga para a cidade de Muqui, mas devido ao desenvolvimento destes dois municípios, a sua capacidade não mais suportava a demanda e assim o Prefeito Rubens Rangel construiu a nossa própria usina.

Foi uma obra maravilhosa desde a gigantesca barragem feita no próprio Rio Muqui do Sul, a captação de água pelos dutos abertos em desnível em corredeiras de cimento por mais de 300 metros destinados a mover as gigantescas turbinas elétricas.

Seu Rubens Rangel ao deixar seu cargo como prefeito de Mimoso, candidatou-se a Deputado Federal e foi eleito, mas licenciou-se do mandato para ocupar o cargo de Secretário de Viação e Obras Públicas do Estado de 09/05/55 a 30/06/58 em que foi fundamental sua atuação para dar seguimento a esta obra.

Para mim foi um momento todo especial, pois tive a oportunidade de presenciar tão importante feito realizado por um grande administrador que em algum lugar do passado bateu no peito e disse: “Não Nasci em Mimoso do Sul, mas amo e sinto-me filho desta Terra!” (Rubens Rangel).

Obs: A Usina Hidroelétrica foi inaugurada em 14 de janeiro de 1957, por iniciativa do Prefeito Rubens Rangel e terminada na administração de seu companheiro partidário João Maximiano Guarçoni.

 

Texto: Renato Pires Mofati