A História de Geraldo Procópio

14/04/2013 11:08

 

Por Redação in Foco

Foi um homem rodeado de histórias de assombrar que fizeram que ele virasse lenda de 1964 pra cá.

Este texto já divulgado diversas vezes em jornais, rádio, site… Mas devido ao interesse de grande parte de pessoas principalmente por aqueles que vez ou outra ouviu falar do Geraldo Procópio, o site Mimoso em Foco traz na íntegra o que se passou por aqui há tempos atrás.

Por diversas vezes o assunto que irei contar foi adiado… Alguma coisa impedia! Parecia que este acontecimento não queria ser mexido novamente! Não vou dizer o que aconteceu agora, nesta passagem de transpor este texto para o site em momento da digitação… A Renata ficou com os olhos arregalados! Ela disse: “Pai! Isso não tem explicação!”

 

Bem, mas vamos ao texto. Este episódio está pertinho de completar 50 anos! E assim sendo, o momento é este.

Claro que fiquei preocupado, pois o assunto envolve muitas polêmicas, todavia gostaria de dizer, que o que está sendo escrito aqui se baseia em fatos mais que conhecidos por muitos de nós mimosenses! Além é claro, do consentimento de familiares do protagonista e de pessoas que por motivo ou outro fizeram parte deste acontecimento.

Para obter as informações que ainda não tinha, mergulhei fundo na mente dessas pessoas para trazer de volta o pesadelo, o homem, o mito e a magia chamado “Geraldo Procópio”, o tarado como era conhecido! O nome ainda aterroriza as pessoas com as quais conversei tamanho o horror de tempos atrás!

O que levou Geraldo a cometer tais atrocidades ainda é uma grande interrogação, pessoas dizem que possuía dupla personalidade, problemas mentais, trauma de infância ou uma grande desilusão amorosa, pois mulheres eram suas vítimas preferidas.

 

Para contar o que se passou com ele, voltaremos por volta de 1950, próximo ao distrito de Dona América.

Ali, ele foi encontrado pelo Senhor Mário Piedade, um garoto com 13 anos de idade que chorava ao lado de uma mulher morta, que estava em companhia de uma irmã. Este menino chamava-se Geraldo e foi levado para a localidade conhecida por Santana, onde cresceu forte e robusto trabalhando por aquelas bandas. Frequentava bailes assim como outros rapazes, e por volta de 1963/64 num retorno destes, deparou-se com duas mulheres próximas a ponte em frente à sede da propriedade do Cel. Terra Lima, em Dona América. Num súbito momento de alucinação atacou-as… Uma conseguiu escapar, e a outra foi morta por estrangulamento e jogada ao rio.

Geraldo seguiu seu caminho como se nada tivesse acontecido, mas as pistas do assassino levaram moradores da região até a localidade de Santana para fazerem justiça com as próprias mãos! Mas que bravamente foi impedido pelo Senhor Mário, que prometeu entregá-lo a autoridade sem derrame de sangue, e assim o fez conduzindo-o até Ponte do Itabapoana e depois para Mimoso do Sul.

 

Passado alguns dias, misteriosamente a porta da cela amanheceu aberta e sem o criminoso. Rondando pelos matos e serras de São Pedro do Itabapoana, Geraldo fez mais uma vítima, outra mulher que foi brutalmente atingida na cabeça com golpes de pedra e a notícia se espalhava! Geraldo estava sendo procurado, mas tinha como referencia o endereço na propriedade do Senhor Mário, que preocupado com a situação entregou-o ao Juiz de Direito em Mimoso do Sul, que imediatamente foi transferido para a penitenciária de Vitória. Porém, aquelas grades também não o detiveram e Geraldo evadiu-se de forma estranha.

Os mistérios começavam a acontecer, agora estava livre e trabalhando como diarista no município de Colatina, depois em João Neiva onde estrangulou um garoto com 06 anos de idade, e com o passar do tempo, estava no estado de Minas Gerais e novamente retornou a Mimoso do Sul.

Nosso município ficou em alerta máximo e de sobreaviso, pois Geraldo era visto em Dona América, Rancho Alegre, Inhuma, Pastinho, Rua da Serra, Morro do Sal… Só que ninguém conseguia prende-lo. Policiais cercavam canaviais onde era visto, ateavam fogo e o homem virava fumaça, pedra, toco, cachorro e tudo mais! Uma superstição veio junto aos acontecimentos, Geraldo Procópio tinha corpo fechado, reza brava, patuá, e pacto com o bicho ruim, e assim foi passando por aqui, ali e acolá e matou outro garoto também por estrangulamento e logo após esmagou seus órgãos genitais. A criança foi encontrada amarrada por arames farpados embaixo de um chiqueiro.

 

Contam ainda que um moço conhecido por muitos de nós, chamado Jorge Batista Pessanha (Jorge Flor) teve um sonho, uma premonição, anunciada por uma cigana que segurando sua mão disse ver um caixão repleto de rosas vermelhas dentro de uma enorme sala… Jorge não ligou para as palavras da cigana, mas o desespero tomou conta de sua vida quando soube que sua noiva Marieta, com apenas 22 anos foi brutalmente assassinada e encontrada presa no arame de uma cerca próxima a localidade do Abril. Jorge passou a caçá-lo sem descanso, mas… Sem êxito!

Geraldo era visto a olho nu ou com auxílio de binóculos em nossos morros. Janelas e portas eram trancadas com mais segurança, as aulas noturnas foram suspensas, e em uma de suas passagens por nossas ruas, ele foi visto pela moradora Senhora Rosali Lima que morava perto da gruta da Igreja Matriz, que foi jurada de morte se ela gritasse ou chamasse por alguém naquele momento, aliás, nem era preciso, pois Rosali ficou estática e o trauma a acompanhou por muito tempo.

Policiais equipados com cães farejadores procuravam Geraldo pelos quatro cantos do município. Até que em certo momento pegaram sua pista e o encurralaram nas imediações da Fazenda do Capim, onde um destemido Sargento deparou-se com o assassino que não poderia escapar da mira daquele revólver e do exímio atirador que fez seis disparos a queima roupa sem acertar nenhum. Geraldo saiu em disparada e desapareceu feito fantasma!

Contam que o Sargento era campeão de tiro e ficou pensativo por várias horas sem entender o que aconteceu… Apenas falava: “Eu não atirei em gente… Mas em alguma coisa sobrenatural!”

E assim Geraldo continuava solto e espalhando a maldade. Na localidade da “União” travou uma feroz luta com uma mulher chamada Mairene que estava em companhia de uma babá que segurava seu filho no colo. Mairene foi atingida de raspão pelo machado que Geraldo segurava nas mãos e com sorte conseguiu se esquivar! A brava mulher se atracou em defesa do filho com o poderoso assassino que só a não matou, devido o barulho do carro do Dr. Cisne que por ali passava e Geraldo imaginou que poderia ser a polícia. Mairene é moradora atualmente em nossa cidade e não gosta de se lembrar do acontecimento.

 

Bem, com tantos policiais em seu encalço, Geraldo foi capturado em Ponte do Itabapoana e trazido amarrado no Jeep do Sr. Dedé Guarçoni e entregue a polícia. Em Mimoso do Sul, aquele dia parecia festa, tamanha curiosidade e alívio de seus moradores que se aglomeravam próximos a delegacia para ver aquele que tanto aterrorizou a cidade.

Depoimento de meu Pai Honório Mofati sobre uma visita ao Geraldo Procópio na delegacia: “Eu sabia que o fim dele tava próximo, pois vi um caixão pronto em certo local que não quero falar… Lá na delegacia, ele ficou isolado e incomunicável, raras visitas eram concedidas, como na época eu era o dono do cinema de Mimoso tinha amizade com o delegado, e sempre liberava a entrada dele para assistir filmes… E como numa troca de favores e amizade, ele concedeu uma visita rápida… Conhecia o Geraldo desde os tempos que eu morava na Fazenda Ubirajara (Feliz Destino) perto de São Pedro e ele lá chegava para trocar milho por fubá moído. Geraldo era um homem muito forte de estatura média, mulato escuro, nunca percebi qualquer diferença nele, pois estava sempre calado! Ali naquela cela de cadeia, perguntei a ele porque havia feito tanta maldade! E ele me olhava nos olhos sem me responder… Apenas reclamou sobre a comida que lhe foi dada! Pois passou muito mal durante a noite… Supostamente algo a mais estava naquela alimentação! Virou-se de costas para a grade da sela e ficou no canto da parede olhando para o chão… Esta foi a última vez que o vi!”

Bom…O final muitos já sabem: Geraldo teve o seu fim ali mesmo naquela cela. Fala-se em morte natural, enforcado, morto a bala, facada, espancado… Nada foi revelado, apenas gritos ensurdecedores e insuportáveis eram ouvidos do lado de fora da cadeia: “Você me paga! Vai me matar mais vai morrer também!” Coincidência ou não, dias após este fato, certo soldado de nossa cidade sofreu um terrível acidente de carro (Vemag) e morreu degolado próximo ao trevo de Mimoso do Sul.

Fiz uma verdadeira varredura no livro de óbitos da prefeitura buscando uma data específica de sua morte, seu sepultamento… Mas nada encontrei, procurei informar-me com várias pessoas sobre o local onde ele está enterrado, o próprio Coveiro de nosso cemitério local Sr. João profundo conhecedor de locais das sepulturas de nosso campo santo local, não sabe onde esta o Geraldo! Ele “acha” que pode estar enterrado em umas das covas sem identificação, pois existem várias no cemitério! Geraldo está sim, enterrado em algum lugar de nossa cidade, sem túmulo, sem placa e sem identificação… Pessoas falam de um túmulo rachado e protegido por correntes ou arames farpados existente em nosso cemitério… Se já existiu, hoje não se encontra por lá… E Geraldo Procópio virou lenda… De 64 prá cá!

 

Alguns depoimentos sobre o caso que até hoje é mistério na mente de muitos mimosenses:

* “Na época foi uma situação inexplicável, eu e meus irmãos éramos pequenos e lembro-me de nossos Pais falando do Geraldo Procópio… Ele deixou a população apavorada.” (Lourdes Mª Barros de Azevedo – Professora)

* “Acompanhei tudo na época! Na verdade, o Geraldo Procópio precisava de tratamento… E não ser caçado como um animal!” (Alvino Torres – 83 anos).

* “Tinha acabado de servir o exército…Quando retornei a Mimoso e fui sair a noite, parecia cidade fantasma!” (João Moreira Trugilho – Comerciante aposentado)

* “O terror era geral! Tinha 13 anos e morava em Apiacá, o comentário sobre as atrocidades do Geraldo Procópio foi além de Mimoso do Sul!” (Maria Trugilho)

* “Essa história foi uma das coisas mais impressionantes de minha juventude em Mimoso.” ( Juracy Nogueira).

* “As histórias do Geraldo Procópio eram horripilantes! Nossos Pais não deixavam a gente andar sozinha!” (Suely Riguete)

* “Contavam que ele tinha oração no bolso, quando perdeu… Pegaram ele!” (Monica Justo)

* “Até hoje me Arrepia! Daria um filme!” ( Beatriz Mignone)

TEXTO: Renato Pires Mofati