Tornado

A palavra tornado é originária do termo espanhol tornada, que significa tempestade. O tornado apresenta dimensões e duração bem menores que a de um furacão. Entretanto, esse fenômeno é capaz de promover grandes destruições por onde passa, como, por exemplo, o que atingiu Shaturia, Blagladesh, em 1989, matando aproximadamente 1.300 pessoas e deixando outras 50 mil desabrigadas. Os tornados são redemoinhos atmosféricos caracterizados por um espiral, em forma de funil de vento, que gira em torno de um centro de baixa pressão atmosférica; são produzidos por uma única tempestade convectiva. Normalmente, a sua formação ocorre no final da tarde, pois nesse período a atmosfera apresenta maior instabilidade, contém em média 100 metros de extensão, e, ao contrário dos furacões, sua duração é de poucos minutos.

Os tornados são fenômenos tipicamente continentais, formados através da chegada de frentes frias em regiões onde o ar está mais quente e instável, favorecendo o desencadeamento de uma tempestade, que, por sua vez, impulsiona a formação desse tipo de ciclone. Por apresentarem aspectos físicos favoráveis para a ocorrência dos tornados, em alguns países esse fenômeno ocorre com maior regularidade, entre eles estão: Estados Unidos, Uruguai, Argentina e o sul do Brasil.

Processo de formação dos Tornados:

1 - A massa de ar frio forma uma “tampa” sobre a massa de ar quente próxima ao solo, impedindo a formação de nuvens. Com a entrada de uma frente fria ou pelo aquecimento excessivo da faixa de ar próxima ao solo, o ar quente rompe a tampa e invade a massa de ar frio.

2 - O ar quente sobe e se expande, com velocidade que pode chegar a 250 KM/h. A instabilidade na atmosfera pode fazer com que o movimento de expansão ocorra em forma espiral.

3 - Umidade condensada cai em forma de chuva. Com a evaporação, o tornado se forma abaixo da “tampa”, em área onde não há chuva. Ao contrário dos furacões, os tornados são compactos e de curta duração.

Entre os diferentes tipos de tornados estão os landspouts, os tornados de vótices múltiplos e as trambas marinhas. As trombas marinhas formam-se sobre corpos d'água conectando-se a nuvens cumulus e nuvens de tempestade de maior tamanho, porém são consideradas tornados por apresentarem características similares a estes, como sua corrente de ar rotativa em forma de cone. As trombas marinhas no geral são classificadas como tornados não-supercelulares que se formam sobre corpos d'água. Estas colunas de ar frequentemente se formam em áreas tropicais próximas a Linha do Equador, e são menos comuns em latitudes maiores, próximas aos pólos. Outros fenômenos similares aos tornados que existem na natureza incluem o gustnado, os redemoinho-de-poeira e os redemoinhos de fogo.

 

 
 
 
 

Este fenómeno ocorre em grande número nos Estados Unidos devido às grandes massas de ar frio que vêm do norte e às massas de ar quente vindas do Golfo do México. Como neste corredor central não existem grandes barreiras naturais como a que existe a Oeste, temos aqui uma grande área onde estas massas podem colidir e formar as super células de tempestade e que se tornarão as responsáveis pelo surgimento de tornados. Contudo, apesar do aumento de número de tornados, o número de tornados com grande poder destruidor têm diminuido quando comparado com décadas anteriores. Os tornados podem ser classificados relativamente ao seu poder destruidor. Essa escala é conhecida pela escala de Fujita.

Na tabela temos essa escala e a sua relação com a velocidade dos ventos, largura da trilha, comprimento da trilha e danos provocados. O valor máximo, definido até ao momento, é o F5, onde a velocidade dos ventos poderá alcançar valores entre os 420 e os 530 km/h.

 

Classificação

Velocidade dos ventos

              (Km/h)

Largora da trilha

       (Metros)

Comprimento da trilha

                (Km)

Danos provocados
F0 65-115 3-20 0-2 Leves
F1 115-180 10-100 1-5 Moderados
F2 180-250 50-500 2-20 Fortes
F3 250-330 500-1000 5-60 Severos
F4 330-420 1000-2000 10-150 Devastadores
F5 420-530 2000-5000 10-500 Incríveis

 

Tornados são observados em todos os continentes, exceto na Antártida. No entanto, a grande maioria dos tornados no mundo ocorrem na "Alameda dos Tornados" ou, em inglês, Tornado Alley, uma região dos Estados Unidos,  embora possam ocorrer quase em qualquer lugar na América do Norte. Eles também ocorrem ocasionalmente no centro-leste e sul da Ásia, nas Filipinas, no norte e centro-leste da América do Sul, África do Sul, noroeste e sudeste da Europa, oeste e sudeste da Austrália e Nova Zelândia. Os tornados podem ser detectados através de radares de impulsos Doppler, assim como visualmente, por caçadores de tempestades.

Formas e dimensões

A maioira dos tornados possui a forma de um estreito funil, com algumas poucas centenas de metros de comprimento e com uma pequena nuvem de pó e detritos em sua base, próxima ao solo. Os tornados podem ficar obscurecidos por completo devido a chuva ou aos dejetos por ele levantados. Se assim for, eles são particularmente perigosos, considerando que até mesmo os meteorologistas mais experientes poderiam não vê-los.

Os tornados, não obstante, podem se manifestar sob várias formas e tamanhos. Pequenos e relativamente fracos, landspouts podem ser notados por causa do pequeno redemoinho de pó formado por eles, sobre o solo. Ainda que o funil de condensação possa não se estender até o solo, se, associado aos ventos de superfície, superar os 64 km/h, a circulação é considerada um tornado.

Descrições

 
 
 

Normalmente a sua formação ocorre no final da tarde, horário em que a atmosfera se encontra mais instável, com forte turbulência e presença de nuvens Cumulonimbus. Porém não é incomum observar o surgimento desses ciclones durante a noite. Isso porque os tornados também vem de uma categoria específica de nuvens chamadas super-células de tempestade, que "amadurecem" durante o dia e se transformam em fortes tempestades de granizo. O tamanho destas pedras de granizo é bastante considerável se tivermos como padrão as pequenas pedras conhecidas, que são de aproximadamente 0,5 cm. Estas podem variar do tamanho de uma bola de gude até ao de uma bola de golfe ou tênis. Um prenúncio de um tornado são as chamadas rotation wallclouds, que são nuvens baixas, com o formato de uma base de pirâmide.

Esses cones de ventos rotativos e arrasadores podem ocorrer em qualquer lugar do mundo. Porém há certas regiões que são mais propensas à formação de tornados, como a parte central dos Estados Unidos da América (a "Tornado Alley") ou o "corredor dos tornados da América do Sul" que inclui o Uruguai, Paraguai, sul da Bolívia, norte da Argentina e a porção centro-sul do Brasil.

A intensidade dos tornados é classificada na escala Fujita que vai de F0 até F5, Quanto maior a numeração mais forte o tornado, sendo assim o F5 é o mais destrutivo e violento dos tornados sendo capaz de arrancar pavimentações de estradas e levantar edificações por completo. Atualmente, existe uma nova versão desta escala, a escala Fujita melhorada, que vai de EF0 a EF5. Tornados com intensidade F5 são muito raros de se observar.

A coloração cinza ou "amarronzada" dos tornados ocorre devido aos detritos e poeira que ele desloca. Quando ocorre sobre uma porção grande de água (mar, lagos ou grandes rios), o fenômeno recebe o nome de tromba de água.

Tipos

Tornado de vórtice múltiplo

Um tornado de vórtice múltiplo é um tipo de tornado no qual duas ou mais colunas de ar giram ao redor de um centro comum. Estruturas de múltiplos vórtices podem ocorrer em quase qualquer circulação, mas é mais frequentemente observada em tornados mais intensos

Tornado satélite

Um tornado satélite é para um tornado mais fraco que forma muito perto de um tornado mais forte contido dentro do mesmo mesociclone. O tornado satélite pode se aparecer estar orbitando o tornado maior (e daí o nome), dando o aparecimento de um grande tornado de vórtices múltiplos. Porém, um tornado de satélite é um funil distinto, e é muito menor que o funil principal.

Tromba de água

Tromba de água, tromba-d'água, ou tromba marinha, é um grande vórtice colunar (normalmente semelhante a uma nuvem em forma de funil) que ocorre ao longo de um corpo de água e está ligado a uma nuvem cumuliforme.

Landspout

Um Landspout é um termo não-oficialmente usado para designar tornados que não se originaram de mesociclones. Os landspouts apresentam as mesmas características do que as trombas de água de tempo razoável, ou seja, curta duração e ventos mais fracos do que um sistema de tornado. Devido a essas características, um landspout pode ser chamado de "tromba de terra", pois este sistema nada é mais do que uma tromba de água de tempo razoável sobre a terra.

Fenômenos semelhantes

Gustnado

Um gustnado é um pequeno redemoinho vertical associado a uma frente de rajadas de vento ou a uma rajada de vento descendente. Por não se conectarem com a base de uma nuvem, existe um certo debate sobre o fato de gustnados serem ou não tornados. Formam-se quando um fluxo de ar frio, seco e rápido, proveniente de uma tempestade, se encontra com uma massa de ar quente, humida e estacionária próxima ao limite do fluxo, resultando num efeito de turbilhonamento.

Redemoinho de pó

Os redemoinhos, torvelinhos, redemoinhos-de-poeira, pés-de-vento ou diabos de poeira (em inglês: dust devil) são ventos em espiral formados pela convecção do ar, em dias quentes, sem ventos e de muito sol.

Ocorrem quando o solo se aquece em determinado ponto, transferindo esse calor à porção de ar que está parada logo acima dele. Quando atinge uma determinada temperatura, esse ar sofre rápida elevação, subindo em espiral e cria um mini centro de baixa pressão. Devido ao princípio da conservação do momento angular esse redemoinho ganha velocidade e acaba levantando a poeira do solo, fazendo com que um funil de 'sujeira' seja visível. Ele pode apresentar desde alguns centímetros até muitos metros de altura.

Frequentemente esse fenômeno é confundido com um tornado, porém vale salientar que, ao contrário dos tornados, os redemoinhos de poeira somente se formam em dias sem nuvens, sob muito sol e calor e baixa umidade do ar. Além disso, a velocidade dos ventos desse fenômeno raramente ultrapassa os 100 km/h, podendo causar apenas pequenos estragos, tais como destelhamentos leves.

Redemoinho de fogo

Redemoinhos de fogo são redemoinhos que se desenvolvem próximos a incêndios florestais. Não são considerados tornados exceto em raros casos em que se conectam a uma nuvem pyrocumulus ou a outra nuvem cumuliforme sobre eles.

Brasil

A primavera e o outono são as estações dos tornados no Brasil. Pesquisas desenvolvidas recentemente comprovam que uma porção significativa das destruições atribuídas aos vendavais nos Estados do sul e parte do sudeste e centro-oeste são provocadas, na verdade, por tornados. A crença de que o Brasil está imune a ameaças de catástrofes naturais começa a perder força, especialmente em relação à formação de tornados. Um levantamento feito pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, mostra que os registros desse tipo de fenômeno no país cresceram mais de cinco vezes desde o início da década de 1990. Para especialistas, no entanto, o dado pode ser apenas um indício de que ele sempre existiu por aqui. O que não havia era tecnologia para monitorá-lo.

Embora não seja possível dizer que a ocorrência de tornados é mais frequente nos dias de hoje, para os especialistas, o que mais chama a atenção é a voracidade deles nos últimos anos. “A intensidade, e não a frequência, é o que temos observado. Isso sim, é resultado da diferença de temperaturas. Hoje, elas estão mais elevadas porque regiões de Santa Catarina, por exemplo, que não eram habitadas, passaram a ter asfalto, concreto. A humanização pode ter causado um aumento da temperatura na região, o que contribui para deixar o tornado mais intenso”, analisa a coordenadora do Laboratório de Climatologia da Universidade de Brasília (UnB), Ercília Torres. Para os meteorologistas, a ocorrência de tornados mais intensos no país pode ser um reflexo do aquecimento global, associado a outros fenômenos, como o incremento das chuvas, por exemplo. “Em São Paulo, temos observado um aumento de 30% no volume de precipitações nos últimos 22 anos”, afirma Hilton Silveira. “Os tornados tendem a aparecer em tempestades mais fortes”, acrescenta.

A ocorrência de três tornados num único dia em Santa Catarina, na noite de 7 de setembro, ajuda a reforçar essa tese. Os ventos, com velocidade perto dos 200km/h, destelharam casas, viraram carros e retorceram estruturas metálicas. Os fenômenos, que atingiram as cidades de Guaraciaba, Salto Veloso e Santa Cecília, chegaram ao nível F2 (181 a 250km/h) da Escala Fujita, que vai até F5 (421 a 530km/h). Entre 1991 e 2000, o Cepagri não registrava mais do que um tornado por ano em todo o país. Hoje, contabiliza de quatro a cinco. “Em 2005, houve seis casos nos nossos registros. Sempre tivemos acesso a imagens de satélites, mas elas não são precisas para prever tornados e, normalmente, os relatos de pessoas são a forma mais eficaz de monitoramento. O que observo é que, hoje, com câmeras e celulares, é muito mais fácil flagrar um tornado, o que pode explicar o aumento nos registros”, avalia o pesquisador Hilton Silveira, diretor do centro.

Mimoso do Sul

No dia 06 de Abril de 2012 o tempo fechou sobre Mimoso do Sul por volta das 16h30min. Tudo parecia normal quando uma massa de ar fria e úmida vinda do estado do Rio de Janeiro se encontrou com uma forte massa de ar quente que estava estacionado sobre Mimoso. As nuvens começaram a ficar cada vez mais carregadas. Às 17h15 na direção norte da cidade, rumo ao Bairro de Santa Marta um funil de nuvem começara a se formar descendo da base da nuvem de tempestade, formando um tornado. O fenôneno foi filmado por mim (Thiago Costa Santiliano) através de um celular. O funil permaneceu por volta de 3 minutos, desaparecendo logo em seguida. Porém o tal fenômeno não pode ser considerado um tornado, mas sim, uma Nuvem Funil, pois não tocou o solo. 25 minutos depois, o tempo escureceu sobre Mimoso, trazendo muita chuva, raios e ventania.    

 

Thiago Costa Santiliano